terça-feira, 21 de outubro de 2008

Trem turístico, embarques já em 2009

A utilização da Ferrovia do Trigo para turismo foi autorizada pela ANTT. Projeto deve sair do papel no próximo ano

Ao ouvir o apito da locomotiva, todos os olhares voltam-se para os trilhos. O toque do sino, feito de bronze, é um aviso para quem ainda não percebeu: o trem chegou à Estação Corvo, em Colinas. Logo, esse cenário histórico será recriado no Vale do Taquari. A Ferrovia do Trigo, por onde hoje passam apenas vagões de carga, terá os primeiros passeios turísticos até o final do próximo ano. A liberação do trecho para turismo foi confirmada na semana passada pelo governo federal. 

O projeto, denominado Trem Turístico dos Vales e Montanhas da Serra Gaúcha, foi autorizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) após três anos de espera. A exploração ficará a cargo da Ferrotur - Passeios Turísticos, empresa de Porto Alegre que pretende investir na recuperação da malha ferroviária e das estações. O percurso de 160 quilômetros começa em Montenegro e termina em Guaporé, incluindo seis municípios do Vale do Taquari: Estrela, Colinas, Roca Sales, Muçum, Vespasiano Corrêa e Dois Lajeados. 

O próximo passo para que os trens comecem a andar é a aquisição da locomotiva e dos vagões. Nada que desanime o prefeito de Colinas, Edelbert Jasper, que recebeu a liberação da ANTT com entusiasmo. "Será um divisor de águas para a região", acredita. "Vamos ouvir falar muito de turismo assim que o trem começar a andar." Para ele, o passeio turístico será uma forma de "segurar" os visitantes na região por mais tempo, uma vez que ele terá mais atrações de entretenimento. 

Adaptação

Antes do primeiro embarque, algumas adaptações serão necessárias. O custo, superior a R$ 1 milhão, será bancado pela iniciativa privada e, talvez, pelo governo federal. Segundo Jasper, os trilhos terão de ser adaptados para atender às normas do transporte de passageiros. Em vários pontos, os dormentes já começaram a ser trocados pela América Latina Logística, que detém a concessão das ferrovias. Outro cuidado será com relação a dia e horário dos passeios. "Essas viagens serão predeterminadas, pois ainda há transporte de carga. Então tem de combinar os horários", observa o prefeito de Colinas. 

Para restauração das estações ferroviárias, a Associação dos Municípios de Turismo do Vale do Taquari (Amturvales) busca recursos no governo federal. De acordo com o presidente, Rafael Fontana, um pedido de R$ 800 mil foi encaminhado ao Ministério do Turismo. "Elas estão desativadas e vão precisar de reformas", justifica. A missão seguinte, conforme Fontana, será dar início à divulgação do passeio. A coordenadora de Turismo de Estrela, Juliana Jasper, explica que em cada parada serão exploradas as questões cultural e gastronômica. Ela espera que a iniciativa ajude a alavancar iniciativas já existentes, como a Delícias da Colônia e a Rota Germânica. "Será uma grande atração e deverá fortalecer os roteiros", acredita. 

Que venham os turistas

Há décadas, a Estação Corvo, em Colinas, servia apenas para embarque e desembarque de passageiros. Hoje, à beira dos trilhos, pães caseiros, cucas e salames tornam a paisagem atrativa não só para os olhos, mas também para o paladar. Situada desde 2006 no local, a Associação dos Artesãos e Produtores Coloniais oferece ainda panos de prato, camisetas e outras peças de artesanato. Se dependesse dos 13 sócios da entidade, o trem turístico poderia entrar em funcionamento hoje. "Abre-se um leque muito grande para negócios e expansão", afirma a presidente da entidade, Josiane Holz. "Para nós vai ser maravilhoso." De acordo com ela, a implantação do projeto irá garantir maior variedade de público. Pensando nos futuros visitantes, os artesãos querem concretizar em breve um sonho: a instalação do antigo sino de bronze que anunciava a chegada dos trens à estação.

Fonte: O Informativo
Foto: Situada ao lado da ferrovia, Associação dos Artesãos está pronta para receber os novos visitantes

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