Notoriamente observa-se através dos meios de comunicação, de forma maciça, o elevado aumento do número de jovens que usam drogas e a dúvida atemorizante e real surge para os pais. "Será que meu filho está usando drogas?"
A princípio, nem todas as pessoas que experimentam drogas tornam-se necessariamente um dependente químico. A adolescência, fase que se caracteriza principalmente pelo experimento de sensações novas, leva os jovens a testarem seus limites, às vezes sem perceber o real perigo; não vê na droga um risco verdadeiro.
Os pais se confrontam com a árdua tarefa de impor limites a seus filhos e ao vêlos frustrados sentem-se culpados e acreditam ter errado em sua educação. Para os filhos, essas frustrações são realmente necessárias e estruturantes, nas
quais deve estar implícitas uma carga familiar de afetividade, compreensão, com uma dose de tranqüilidade e convicção. Cabe aos pais explicar o motivo do limite, mesmo que não consigam convencê-lo, sem rigidez punitiva e nem retaliações posteriores, sem banalizar o não, e tendo sempre a autentica firmeza de sustentálo.
A realidade nos mostra que o individuo traficante, por vezes, são aqueles que você nunca desconfiaria (amigos usuários: colega da escola, da universidade, das festas...), os quais se aproveitam da facilidade para introduzir a droga na sociedade, da impulsividade do adolescente e de sua atitude desafiadora perante os limites.
O adolescente fantasia o domínio do uso da droga. Essa ilusão, fruto da pouca convivência familiar somado a transferência da responsabilidade de educá-los a terceiros (professores, babás, familiares...) desencadeia o uso continuo de drogas cada vez mais pesadas.
Existe uma constante nos dependentes químicos: a permissividade dos pais das isenções de qualquer ato de disciplina por comportamento inadequado e na tentativa ilusória dos mesmos de compensar sua ausência, faz com que o adolescente encontre nas drogas a busca caótica do prazer sem limites.
A sociedade, na qual se perpetua estereótipos, onde se destaca a exigência ilimitada de sucesso e consequentemente a sensação de esgotamento pelo excesso de trabalho, esvai tanto física e psiquicamente os pais, alterando sensivelmente o relacionamento com os filhos. Esse distanciamento bilateral desencadeia um sentimento de frustração desestruturante no meio familiar.
Fernando Jesus Blanco Tapia.
Psicanalista
Esp. Enf. Saúde Mental e Psiquiatria
Um comentário:
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